Nota: Este texto não tem spoilers do filme (Á serio! Pode haver quem ainda não viu).
Vocês já viram "Pacha e o Imperador" (2000)?
(Ou "A Nova Onda do Imperador", como os brasileiros lhe chamam).
Bastante divertido, hein?
Não vão acreditar, mas este filme da Disney que nós gostamos de ver era para ser um filme diferente.
E não era um filme diferente qualquer. O filme era para ser um épico. Épico, Musical e Dramático, oh yeah!
É difícil de acreditar? Sabem que mais? Vamos recuar no tempo, antes deste filme ser uma comedia e tudo vai fazer sentido.
Ora, também não era preciso recuar tanto. Oh, oh, tão lindos, são dinossauros. (A imagem é do filme "Dinossauro", 2000, também da Disney).
(Limpando a garganta) Vamos avançar.
Parem. É aqui.
Após o sucesso estrondoso de "O Rei Leão" (1994) nas bilheteiras, Roger Allers, um dos realizadores do filme, começou a produção de um novo filme animado para a Disney Animation.
O filme chamava-se "Kingdom of the Sun" ("Reino do Sol" traduzido literalmente) e era (como tinha dito antes) um filme épico dramático e musical, com canções compostas por Sting, por causa do sucesso que Elton John teve com a trilha de "O Rei Leão".
A história era a seguinte, sem spoilers (o que também não quer dizer nada, visto que foi drasticamente escrita):
No Peru, durante o Imperio Inca, Manco, um jovem imperador arrogante e egoísta, conhece, Pacha, um jovem camponês que se parece com ele.
O imperador troca de lugar com o camponês por diversão, ao estilo "O Príncipe e O Pobre" de Mark Twain.
No entanto, a malvada feiticeira Yzma tem um plano de invocar um espírito maligno chamado Supai para bloquear o sol (na qual ela culpa pelas suas rugas), em troca da juventude eterna.
Ao descobrir a mudança entre o príncipe e o camponês, Yzma transforma o verdadeiro Manco num lama e ameaça revelar a identidade de Pacha, a menos que ele a obedeça.
Manco aprende a humildade na sua nova forma, e até mesmo passa a amar uma jovem camponesa chamada Mata.
Juntos, a rapariga e o imperador-lama começam a desfazer os planos de Yzma, para este poder voltar ao normal.
Então, porque é que mudaram tanto?
Primeiro, os executivos da Disney Animation, na altura, estavam com medo que o filme fosse um fracasso comercial como "Pocahontas" (1995) e "O Corcunda de Notre Dame" (1996), por causa da sua temática madura para um filme da Disney.
Segundo, eles acharam também que o filme não era assim tão original, por causa das suas semelhanças com qualquer adaptação de "O Príncipe e O Pobre" (incluindo o filme de 1990 com o Rato Mickey) e o publico nas exibições testes não gostaram do que lhes foi mostrado.
A Disney trouxe Mark Dindal, realizador de "Gatos Não Sabem Dançar" (1997) da Warner Bros. para melhorar a história épica, mas desinteressante, de Allers. Os 2 queriam fazer 2 filmes diferentes: Dindal queria fazer uma comédia e Allers queria fazer um drama.
O CEO na altura, Michael Eisner e os executivos não gostaram do quão confusa a história estava a se tornar. Ao principio não queriam intervir por causa do sucesso de Allers com "O Rei Leão". Este também estava a ter problemas na produção, mas estava determinado a criar um épico arrebatador como "O Rei Leão".
"Kingdom of the Sun" estava previsto para estrear no Verão de 2000 e era Verão de 1998 quando se percebeu que não iria ser terminado a tempo. Após uma visita de um executivo zangado ao seu escritório que avisou que o filme estava a correr o risco de ser cancelado, o produtor Randy Fullmer avisou Allers da necessidade de terminar o filme a tempo para a sua estreia.
Eles precisavam também de lidar com os acordos promocionais da Mcdonald's, da Coca-Cola, e de outras marcas, que já tinham sido estabelecidos e dependiam do cumprimento dessa data de estreia. Allers sabia que a produção estava a desmoronar-se, mas estava confiante que com uma extensão de 6 meses a um ano, ele poderia completar o filme. Após Fullmer negar-lhe o pedido, Allers saiu da produção.
Podia ter sido o fim, mas não foi.
Após Eisner saber que Allers saiu da produção, ele deu a Fullmer 2 semanas para provar que o filme podia ser salvo ou ele próprio podia cancelar a produção.
Fullmer e Dindal pararam a produção de "Kingdom of the Sun" por seis meses.
Seis meses depois, vieram com um novo filme que ainda era ambientado no Peru, durante o Império Inca.
E foi assim que "Kingdom of The Sun" deu lugar a "Pacha e o Imperador".
Ao principio, Eisner ficou com receio que o novo filme ia ser como "Hércules" (1997) que tinha feito um sucesso moderado nas bilheteiras. Os 2 asseguraram-lhe que "Pacha e o Imperador" ia ter um elenco mais pequeno, fazendo-o fácil de interessar o publico.
E trocaram de data com "Dinossauro", que estava previsto para estrear no Natal de 2000, para terminarem a produção do filme a tempo.
E esta é a história.
Se quiserem saber como "Kingdom of the Sun" ia se parecer (pelo menos quando Dindal entrou no projeto), cliquem aqui.
"Feliz ou infelizmente, jamais saberemos se a versão original de 'Kingdom of the Sun' seria superior ao que, de facto, foi recebido. Mas o que recebemos em troca, sem duvida, merece mais atenção."
Também concordo, Elegante. Também concordo.
Para terminar:
Então é tudo.
Já viram "Pacha e o Imperador"? Se viram, o que acharam?
E sabiam da história por detrás do filme?
Até á Próxima!