domingo, 29 de julho de 2018
Circle 7 Animation
Em 11 de Julho do ano passado, quando fiz a parte 3 do Especial Pixar, mencionei isto quando dei a minha opinião sobre “Toy Story 2 – Em Busca de Woody” (1999):
“Um facto curioso, é que a Pixar, depois de fazer este filme, disse que não iria envolver em sequelas, até terem voltado a elas com “Toy Story 3” (2010). Por isso na década de 2000, só tivemos longas originais.”
Mas os filmes do estúdio, em 2004, quase correram o risco de ganhar sequelas em Home Video.
“Como assim?” perguntam vocês.
Calma que eu explico.
Em 1991, a Pixar e a Disney, originalmente, tinham um acordo de distribuição de sete filmes que dava à Disney propriedade total dos filmes e das personagens da Pixar, assim como os direitos de sequelas.
Com o sucesso de “Toy Story 2 – Em Busca de Woody” em 1999, o presidente da Disney na altura, Michael Eisner, e Steve Jobs começaram a discordar sobre como a Pixar deveria ser administrada e os termos do relacionamento contínuo que tinham planeado.
Eisner afirmou que “Toy Story 2 – Em Busca de Woody”, como era uma sequela, não contava para a contagem "original" de 7 filmes, embora Jobs discordasse.
Jobs anunciou em Janeiro de 2004 - após dez meses de negociações - que a Pixar não renovaria o seu contrato com a Disney e buscaria outros distribuidores para lançamentos de filmes e curtas a partir de 2006.
Jobs queria que a Pixar recebesse a maior parte dos lucros que os seus filmes faziam (dando à Disney a taxa padrão de distribuição de 10%), bem como a propriedade plena de quaisquer futuros filmes e personagens que o estúdio iria criar depois de “Carros” (2006).
Eisner achou esses termos inaceitáveis. E John Lasseter, que tinha dirigido pessoalmente “Toy Story – Os Rivais” (1995), “Uma Vida de Insecto” (1998) e o já citado “Toy Story 2- Em Busca de Woody”, ficou perturbado com o colapso do relacionamento Disney-Pixar, pois estava preocupado com o que a Disney poderia fazer com os personagens que a Pixar tinha criado.
Quando ele teve que anunciar o que aconteceu numa reunião dos 800 funcionários da Pixar, Lasseter supostamente disse, chorando: "É como se vocês tivessem esses filhos queridos e tivessem que desistir deles para serem adotados por abusadores de crianças condenados".
(Muito forte, eu sei).
Em 2004, foi fundado o Circle 7 Animation.
O Circle 7 Animation era um estúdio de animação por computador criado pela Disney com o propósito de criar sequelas em Home Vídeo dos êxitos da Pixar distribuídos pela Disney, na altura.
O estúdio era visto como uma ficha de negociação pelo pessoal da Pixar e da Disney, mas também, como um plano B de Eisner no caso das negociações entre a Pixar e a Disney falharem.
Os primeiros (e únicos) projetos em que o estúdio trabalhou foram as suas versões de “Toy Story 3”, “Monstros e Companhia 2” e “À Procura de Nemo 2”.
(Irei falar deles em seguida).
Nos finais de Janeiro de 2006, o novo presidente da Disney, Bob Iger e Jobs, concordaram com um acordo no qual a Disney compraria a Pixar por US $ 7,4 biliões, com os executivos da Pixar (Edwin Catmull e Lasseter) assumindo o controle do Walt Disney Feature Animation e a Pixar fazendo a sua versão de "Toy Story 3", lançado em 2010.
Andrew Stanton afirmou que a Pixar evitou, de propósito, olhar para o roteiro da versão do Circle 7 de “Toy Story 3” e das outras sequelas na altura, para não se inspirarem, quando fizessem as suas versões dessas sequelas.
Em 26 de Maio de 2006, a Disney fechou oficialmente o Circle 7 Animation e transferiu cerca de 80% dos funcionários do estúdio para a Walt Disney Feature Animation, que logo mudou o nome para Walt Disney Animation Studios.
Agora vamos dar uma vista de olhos aos projetos cancelados:
1 - “Toy Story 3”:
A versão do Circle 7 Animation, escrita por Jim Hertzfeld, roteirista de “Um Sogro do Pior” (2000), por coincidência, tinha algumas semelhanças com a versão da Pixar.
O filme focava na mãe de Andy enviando um Buzz defeituoso para Taiwan, onde ele foi construído, com Woody e os outros brinquedos, acreditando que ele seria reparado lá.
Enquanto pesquisavam na Internet, eles descobrem que muitos outras figuras de acção Buzz Lightyear estão a funcionar mal a volta do mundo e a empresa que os criou emitiu uma enorme anulação na linha de brinquedos.
Com medo que Buzz seja destruído, Woddy e alguns dos brinquedos de Andy (Rex, Slinky, Sr. Cabeça de Batata, Hamm, Jessie e Bala) se empacotavam para Taiwan e se aventuravam lá para resgatar Buzz.
Ao mesmo tempo, Buzz conhece brinquedos de outras partes do mundo que já foram amados, mas que agora vão ser destruídos por uma máquina esmagadora, e ele tenta várias vezes fugir com os brinquedos que conheceu, mas não consegue.
Enquanto estavam em Taiwan, Woody e o gang ficam presos num infantário, mas conseguem escapar, fugindo numa máquina voadora criada por eles que consiste num carrinho de compras, um aspirador e balões.
Finalmente, o gang chega a tempo de salvar Buzz, mas era quase tarde demais: Buzz ficou ferido pela máquina esmagadora. Woody, o gang e os brinquedos defeituosos que Buzz conheceu conseguiam repara-lo.
2 - “Monstros e Companhia 2”:
Chamado de “Monsters Inc 2: Lost In Scaradise” (“Monstros e Companhia 2: Perdidos no Paraíso dos Sustos”, numa tradução literal), a história mostrava Mike e Sulley a visitarem o Mundo dos Humanos para dar à Boo um presente de aniversário, apenas para descobrir que ela se mudou de casa, e quem mora agora é uma senhora idosa.
Depois de ficarem presos no Mundo dos Humanos, Mike e Sulley se separavam depois de discordarem sobre o que fazer (Mike queria voltar para casa e Sulley queria continuar a procurar a Boo), mas depois faziam as pazes e trabalhavam em equipa para finalmente encontrarem-na.
A história passava-se alguns anos após os eventos de “Monstros e Companhia” (2001), na qual Boo já estava um pouco mais velha.
Os roteiristas Rob Muir e Bob Hilgenberg foram contratados para escrever um roteiro para essa versão, e até fizeram um storyboard do rascunho inicial da versão.
3 - “À Procura de Nemo 2”:
Não se sabe muito sobre a versão Circle 7 Animation de “À Procura de Nemo 2”, mas fontes não confirmadas diziam que a nova versão seria um inverso de “À Procura de Nemo” (2003), com Marlin capturado e Nemo tentando salva-lo. Nesta versão, Dory recuperava a sua memória no final do filme.
E vocês sabem como foram as versões da Pixar dessas sequelas.
O que acham sobre esta história? Conseguiam imaginar o que teria sido se a Disney e a Pixar tivessem se separado em 2006? Imaginavam ver estas sequelas? Escrevam nos comentários, o que acham acerca disto.
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