Como todos os tugas que veem RTP1 sabem, há 2 semanas estreou nesse canal, a serie "1986", um regresso ao passado, mais precisamente nas eleições presidenciais de 1986 entre Mário Soares e Freitas de Amaral.
Na altura em que estreou a serie, a RTP Play disponibilizou a serie completa (13 episódios para ser mais preciso) e eu aproveitei essas duas semanas para ver a serie no RTP Play.
Porque é que esta serie me chamou a atenção? Eu gosto muito dos anos 80, embora tenha nascido no ano de filmes como "Pulp Fiction", "O Rei Leão" e "Forrest Gump" (todos de 1994). Sempre tive esse fascínio pelos anos 80 desde os 13 anos, quando conheci filmes que tinham Steven Spielberg como realizador ou produtor executivo.
Quando soube que o humorista Nuno Markl ia fazer uma serie que mostrava Portugal nos anos 80, aquilo chamou-me logo a atenção. Sempre admirei o humorista pelo conhecimento que ele tem por cultura pop. Não é á toa que ele criou, entre 2009 e 2012, uma rubrica chamada "Caderneta de Cromos" na Radio Comercial em que ele mostra as histórias mais bizarras que aconteceram em Portugal, nos anos 70 e 80. E também tinha curiosidade sobre como era Portugal nos anos 80.
Então peguei no meu DeLorean imaginário, liguei os circuitos do tempo para 1986 e após passar 2 semanas lá, voltei para 2018, para dar o meu relatório sobre o que vi. E segui à risca o conselho do Doc Brown de não interferir com eventos passados ou revelar coisas do futuro.
(Regresso ao Futuro, 1985. Para quem não sabe. À sério, pode haver pessoas que não viram esse filme. Ainda vão a tempo de o ver).
E adorei a serie. Ri, reflecti, sofri psicologicamente a ver como era ser um adolescente (ou uma, para o sexo feminino) a crescer num pais focado em politica quando o interesse dos jovens é tudo que não envolva politica, como, por exemplo, filmes, series, videojogos, musicas, e (o foco principal desta serie) encontrar a nossa cara metade.
Aqui fica o meu comentário com spoilers sobre cada episódio da serie. Para evitar spoilers para quem não viu os episódios anteriores (ou a serie completa) ou não podem a usar a Internet para ver series, a critica está em letras brancas.
1 º episódio – “Tarzan Boy”
O Tiago é capaz de ser o personagem com que mais me identifico. Apesar que eu era mais “banana” do que ele, porque nunca consegui dizer nada á minha “Marta” (é melhor não dizer mais do que isso senão o “Opinião e Cinema” passa a chamar “O Diário de um Blogger Cinéfilo”. Inventei este nome). Mas gostei do Tarzan Boy, depois de ouvir a musica pela 1 º vez neste episódio. Espero nunca vir a ser como o Eduardo, sempre a interromper um filme “inteligente” só para dar aulas técnicas ao meu filho (se eu, um dia, tiver).
2 º episódio – “A Bordo do Chalanger”
Por acaso, nunca soube dessa tragédia que foi a explosão do Chalanger. Foi vergonhoso, Tiago, foi vergonhoso a troca de cadernos acidental pelo caderno do Sérgio que tem a revista “Gina”. Olhando para o Tiago e para a Marta no final, parece que pode haver alguma coisa ali.
3 º episódio – “Sólido da Rocha”
O “Duarte e Companhia” (1985-1989) devia ser uma serie mesmo engraçada para miúdos como o Tiago e o Sérgio querem fazer de figurantes. Á serio, aquele Gonçalo é mesmo uma besta, lembra-me qualquer parvalhão que se metia comigo na escola. Mas espero ver mais. Nuno Markl fazendo de pai do Sérgio? Estilo “Alfred Hitchcock”?
4 º episódio – “TV Realidade”
Parece que há química entre o Eduardo e a Alice. “O Espaço da Marta”, eu por acaso percebi o nome da rubrica á 1 ª, por causa do fascínio dela por astronomia. E mais outra pista de possível relação entre o Tiago e a Marta no final.
5 º episódio – “A Grande Festa”
Á serio, Marta? Não contaste ao Tiago que a festa é para apoiar o Freitas? Embaraçoso, para pai e filho no final (apesar que a Marta também teve culpa).
6 º episódio – “A Grande Depressão”
Tu também tiveste culpa. Marta, em não teres dito ao Tiago do que era a festa. Poças, Markl, a torturar-me psicologicamente ao mostrares o Tiago sendo humilhado pelo Gonçalo. Sim eu sei que passaste pelo mesmo, na idade dele. Adorei a referência ao “Regresso Ao Futuro” (1985) com o carro do “Duarte e Companhia” no pesadelo do Tiago, mas duvido que a mãe dele ia julga-lo se ele matasse mesmo o pai, vendo como o Eduardo é.
7 º episódio – “Os Cinco e a Bomba”
É difícil não esquecer da rapariga que gostamos, mesmo quando tentamos esquece-la. Ai, Marta, não leves as coisas á letra. A tua tia percebeu o nome da tua rubrica por que tinhas dito que gostavas de astronomia antes, certo? Mas estava á espera que ela encontrasse com o Tiago, ao acaso, ao passear com a tia. Bela referencia ao “Annie Hall” (1977), no encontro do Eduardo com a Alice.
8 º episódio – “Os Cinco e a Bomba – Parte II”
Melhor. Episódio. De. Sempre. Já começo a ter alguma simpatia pelo Gonçalo. E foi bom saber que a Marta também gosta do Tiago, embora não tenha admitido ao Gonçalo.
9 º episódio – “Pesadelo em Tiago Street”
Nunca julgar alguém sem conhecer primeiro ou pensar 2 vezes, isto é, se a pessoa leu algo idiota numa revista idiota, Sérgio. Mas gostei de como este episódio foca mais no amor da Patrícia pelo Sérgio do que no Tiago pela Marta. Quero ver também sobre a relação entre eles, nos próximos episódios.
10 º episódio – “Video Magic Fora das Horas”
Não sei quem é mais maluco: o Sérgio, ou o pai dele. Foi bom ver que o Sérgio já começou a ter algum raciocínio perto do final do episódio. Por isso, Patrícia, não desistas. Eu pensava que neste episódio iríamos ver o Eduardo e o Fernando a fazerem as pazes, mas ao ver a briga entre eles, já percebo melhor porque, para pessoas adultas como eles na altura, os 2 partidos em debate que defendem são lhes importantes. Mas gostei de ver como o Eduardo começa a preocupar-se mais com o filho e com a Alice do que a politica e o trabalho dele.
11 º episódio – “A Educação de Rita”
Sobre a mãe da Patrícia, sem comentários. Tiago e Marta, a típica relação “querem se afastar, mas não conseguem porque se amam”. Estou á espera que, nos próximos episódios, o Gonçalo faça uma idiotice para perder a confiança dos pais e da avó da Marta. E que o Eduardo e o Fernando percebam que estão a ir longe demais nas suas crenças politicas, porque estão a prejudicar a relação dos filhos.
12 º episódio – “Juntos em Sonhos Eléctricos”
Gostei da evolução da Marta neste episódio. Talvez o Gonçalo já amadureça após ouvir o que a Marta lhe disse. Pela maneira de como está a aproximar-se do fim, talvez o Tiago e a Marta fiquem juntos (e a Patrícia revele ao Sérgio que gosta dele). Então o tema musical da serie é a canção de embalar da mãe do Tiago? Com que então o Isaías não é cego? E a tia da Marta está a pagar pelo que fez nos episódios 7 e 8.
13 º episódio – “O Dia de Todos os Perigos”
Primeiro: “Neverending Story” do Limahl, sempre icónica. Resolveu-se tudo: Eduardo e Alice ficam juntos, Fernando amadurece, Eduardo e Fernando fazem as pazes, Gonçalo encontra uma rapariga como ele, Patrícia e Sérgio ficam juntos, e o momento que todos esperávamos desde o 1 º episódio: Tiago e Marta ficam juntos.
Foi um bocado triste voltar para 2018, porque gostei desta serie e de conhecer estas personagens, mas tive que regressar ao futuro.
Afinal como esta canção que toca nos créditos da série diz: