Olá pessoal! No post de hoje, eu queria fazer algo focado no
Cartoon Saloon. E decidi fazer um comentário sobre cada curta do estúdio.
Antes de mais, A maior parte de vocês deve estar a
perguntar: O que é o Cartoon Saloon?
O Cartoon Saloon é um estúdio de animação irlandês para
cinema e televisão fundado em 1999. Provavelmente os “experts” em cinema de
animação conhecem os 2 longa-metragens que este estúdio lançou até agora, “O
Segredo de Kells” (2009) e “A Canção do Mar” (2014), ambos nomeados ao Óscar de
Melhor Filme de Animação. Vi os 2 este ano e amei e espero ver mais animações
de qualidade deste estúdio no futuro.
Assim como a Pixar e a Disney, eles
começaram por curtas-metragens. E é sobre isto que vai ser este post. Aqui em
baixo estão as curtas-metragens que o canal de youtube do estúdio pós
disponíveis para fás de animação verem. E por debaixo está o meu comentário aos
respectivos curtas disponíveis.
AVISO IMPORTANTE antes de começarem a ver as curtas: assim
como qualquer estúdio de animação não-americano conhecido por fás de cinema
(Melhor exemplo: Studio Ghibli), o Cartoon Saloon não faz animação só para os
mais novos como a Disney, como também para adultos.
Os longas-metragens que mencionei são para todas as idades,
mas o próximo filme deles “The Breadwinner”, que vai estrear este ano lá na
Irlanda e que tem Angelina Jolie como produtora, provavelmente deve ser para
adultos, por o trailer ter com ambiente o que parece ser a Guerra no Iraque
(Cliquem aqui para vê-lo).
Por incrível que pareça nenhuma das curtas que o estúdio
disponibilizou é para todas as idades. Se estiverem crianças a lerem isto, vejam outra coisa para a vossa idade, está bem?
From Darkness (2002)
M/18 Anos.
Sinopse Oficial:
Baseado numa lenda inuit, From Darkness conta a história de um pescador solitário que navega por águas assombradas à procura de comida e encontrou muito mais do que ele queria.
Comentário:
Parece um filme de terror com final feliz (Típico de vários dos contos de fadas em que vários dos clássicos da Disney foram baseados). Por acaso pesquisei sobre essa lenda e fiquei a saber que essa lenda é uma metáfora sobre procurar o verdadeiro amor para além das aparências (Cliquem aqui para perceberem). Mas gostei da maneira de, apesar de não ter diálogos, mostrar um texto que explica quem atirou a mulher ao rio e a avisar que um pescador iria pescar ali.
Cuilin Dualch (2004)
M/12 Anos.
Sinopse Oficial:
Cuilin Dualach vive numa pequena cidade no este da Irlanda. Ele é o tesouro para os olhos da mãe, no entanto o pai mostra pouca afeição. Para onde quer ele que vá, as pessoas olham para ele. Cuilin esforça-se no melhor que consegue, mas pode ser uma coisa difícil quando nasces com a cabeça para trás!
Comentário:
Parece um filme de terror com final feliz (Típico de vários dos contos de fadas em que vários dos clássicos da Disney foram baseados). Por acaso pesquisei sobre essa lenda e fiquei a saber que essa lenda é uma metáfora sobre procurar o verdadeiro amor para além das aparências (Cliquem aqui para perceberem). Mas gostei da maneira de, apesar de não ter diálogos, mostrar um texto que explica quem atirou a mulher ao rio e a avisar que um pescador iria pescar ali.
Cuilin Dualch (2004)
M/12 Anos.
Sinopse Oficial:
Cuilin Dualach vive numa pequena cidade no este da Irlanda. Ele é o tesouro para os olhos da mãe, no entanto o pai mostra pouca afeição. Para onde quer ele que vá, as pessoas olham para ele. Cuilin esforça-se no melhor que consegue, mas pode ser uma coisa difícil quando nasces com a cabeça para trás!
Comentário:
Apesar de não-irlandeses (como nós) não percebermos o que o protagonista está a dizer na narração num dialeto irlandês (é o único personagem do curta que fala, embora em narração) nas cenas percebemos o que está a acontecer e o que vai acontecer. Quando vi este curta pela 1 º vez, lembrei-me do caso do Roy L. Dennis, que serviu de inspiração para o filme biográfico “Máscara” (1985), por tanto ele como o Cuilin têm um tumor na cabeça que é a razão física que os distingue e os torna especiais (provavelmente o tumor de cabeça para trás que o Cuilin tinha, não deve existir na vida real) e lhes tirou a vida ainda jovens. Mas o interessante é vermos como o protagonista tenta arranjar uma coisa em que é bom, e, mesmo que tenha sido um campeão na natação que injustamente não ganhou a medalha de 1 º lugar por causa de preconceito dos júris, ao menos pós os pais orgulhosos. A ironia é que depois de ele morrer, é que as outras pessoas que tiveram preconceito com ele, decidiram aparecer no velório e entregar-lhe a medalha (talvez por remorsos). Em termos técnicos, gostei do exagero na animação e nas piadas, como a reacção dos pássaros ao verem-no no carrinho de bebé ou o grito que a mãe dele dá quando ele nasce finalmente. Mas causou-me impressão quando o médico que ajudou no nascimento, ao vê-lo com a cabeça virada para trás, tenta rodar-lhe para a frente, mas não consegue.
Old Fangs (2009)
M/12 Anos.
Sinopse Oficial:
Old Fangs é a história de um jovem na forma de um pequeno lobo (Referido como Lobo), sendo confuso e frustrado sobre a sua infância. Ele tem boas memorias do seu pai e do inicio da sua infância vivendo isolado na floresta, com a sua família.
O pai dele, como o jovem lobo se lembra, era uma pessoa bastante forte, mas responsável, talentoso e valente. A clássica figura de um pai.
Comentário:
Confesso que dos curtas que estão aqui, este é o meu preferido, por causa da ideia de conhecermos alguém do nosso passado e voltarmos aos lugares da nossa infância e da nossa adolescência que não visitamos há anos e que temos memórias que nos marcaram pela positiva (ás vezes, vagas).
Apesar de ser um curta de ir com a nossa interpretação sobre o que vimos mesmo, aqui vai a minha interpretação sobre o passado do protagonista e o que o levou a visitar o pai:
O protagonista, como vimos, tinha uma infância feliz ao lado do pai e da mãe, até aos 4 ou 5 anos de idade. Quando viu o pai a matar um veado com as próprias mãos, ele contou à mãe sobre o que viu, embora não tinha idade para perceber o que é a morte, enquanto o pai estava a recuperar o fôlego após ter morto o veado.
Talvez o pai tenha prometido 3 vezes (e quebrou as 2 primeiras promessas) à mulher que iria ser civilizado após ter vivido na floresta com a educação que os avós paternos do protagonista lhe deram, porque a esposa tinha crescido num ambiente oposto, quando namoravam, que depois levou ao casamento e ao nascimento do filho dele. Mas não conseguiu manter a 3 oportunidade para sempre, e isso levou a matar o veado, que era a maneira como que ele estava habituado a procurar comida, com o filho a ver ás escondidas.
Quando a mãe dele soube, fugiu de casa com o filho e foram morar nalguma cidade ou vila, onde ele passou o resto da sua infância e a sua adolescência (em algum ponto deve ter conhecido os amigos que o acompanharam no reencontro com o pai, na altura actual do curta). A medida que crescia ele tinha vagas memórias das brincadeiras com o pai e a mãe na floresta, mas a mãe não lhe contou de onde vieram.
Só foi aos 20-23 anos (a altura actual em que acontece o curta) que a mãe lhe contou a verdade, dando-lhe o contacto e a morada. E ele decidiu voltar ao seu antigo lar, na qual telefonou ao pai (na qual contou o que levou a mulher a fugir com o filho), nervoso de como ele ia reagir ao ver o filho, que não viu há anos.
Na altura em que ele crescia, o pai ficou fumador e irritado pela mulher ter fugido com o filho e nunca lhe ter contactado todos aqueles anos, mas a sofrer pela maneira de como foi educado quando soube porque a mulher fugiu com o filho, anos mais tarde.
Depois de pensar que desiludiu o pai ao não conseguir fumar como ele, ao caminhar, o protagonista já se lembra da razão porque a mãe lhe afastou do pai ao visitar o ponto de onde viu o pai a matar o veado, e percebeu que pode ser livre lembrando-se de como cresceu e de como a mãe lhe educou, representado pela maneira de como corre no fim do curta. O mesmo não pode ser dito pelo pai dele, por estar preso e sofrendo pela única educação que conhece e teve (o ultimo plano do curta é de um simbolismo bastante literal).
Comentário:
Confesso que dos curtas que estão aqui, este é o meu preferido, por causa da ideia de conhecermos alguém do nosso passado e voltarmos aos lugares da nossa infância e da nossa adolescência que não visitamos há anos e que temos memórias que nos marcaram pela positiva (ás vezes, vagas).
Apesar de ser um curta de ir com a nossa interpretação sobre o que vimos mesmo, aqui vai a minha interpretação sobre o passado do protagonista e o que o levou a visitar o pai:
O protagonista, como vimos, tinha uma infância feliz ao lado do pai e da mãe, até aos 4 ou 5 anos de idade. Quando viu o pai a matar um veado com as próprias mãos, ele contou à mãe sobre o que viu, embora não tinha idade para perceber o que é a morte, enquanto o pai estava a recuperar o fôlego após ter morto o veado.
Talvez o pai tenha prometido 3 vezes (e quebrou as 2 primeiras promessas) à mulher que iria ser civilizado após ter vivido na floresta com a educação que os avós paternos do protagonista lhe deram, porque a esposa tinha crescido num ambiente oposto, quando namoravam, que depois levou ao casamento e ao nascimento do filho dele. Mas não conseguiu manter a 3 oportunidade para sempre, e isso levou a matar o veado, que era a maneira como que ele estava habituado a procurar comida, com o filho a ver ás escondidas.
Quando a mãe dele soube, fugiu de casa com o filho e foram morar nalguma cidade ou vila, onde ele passou o resto da sua infância e a sua adolescência (em algum ponto deve ter conhecido os amigos que o acompanharam no reencontro com o pai, na altura actual do curta). A medida que crescia ele tinha vagas memórias das brincadeiras com o pai e a mãe na floresta, mas a mãe não lhe contou de onde vieram.
Só foi aos 20-23 anos (a altura actual em que acontece o curta) que a mãe lhe contou a verdade, dando-lhe o contacto e a morada. E ele decidiu voltar ao seu antigo lar, na qual telefonou ao pai (na qual contou o que levou a mulher a fugir com o filho), nervoso de como ele ia reagir ao ver o filho, que não viu há anos.
Na altura em que ele crescia, o pai ficou fumador e irritado pela mulher ter fugido com o filho e nunca lhe ter contactado todos aqueles anos, mas a sofrer pela maneira de como foi educado quando soube porque a mulher fugiu com o filho, anos mais tarde.
Depois de pensar que desiludiu o pai ao não conseguir fumar como ele, ao caminhar, o protagonista já se lembra da razão porque a mãe lhe afastou do pai ao visitar o ponto de onde viu o pai a matar o veado, e percebeu que pode ser livre lembrando-se de como cresceu e de como a mãe lhe educou, representado pela maneira de como corre no fim do curta. O mesmo não pode ser dito pelo pai dele, por estar preso e sofrendo pela única educação que conhece e teve (o ultimo plano do curta é de um simbolismo bastante literal).
Somewhere Down The Line (2014)
M/14 Anos.
Sinopse Oficial:
Somewhere Down The Line conta a vida de um homem, as suas paixões e perdas, através das mudanças de passageiros no seu carro.
Comentário:
Fica uma confissão: eu já tinha visto este curta antes de saber da existência dos longas-metragens do estúdio, mas na altura não sabia o que era o Cartoon Saloon. Vi-o em 2015, na ultima vez que fui ao Cinanima (foi nessa sessão que vi “Tsunami” e “Beringela”.), mas voltando ao curta…
É curioso de como este curta cria uma rima temática de “Tal Pai, Tal Filho” (apesar que a situação do filho foi pior) com uma coisa comum entre famílias que já presenciamos ou envolvemos, ao mesmo tempo vemos como o protagonista era muito ligado ao carro. Não creio que ele tenha fugido dos pais ao roubar o carro, também porque não sabia conduzir, mas talvez quando chegou a maior de idade e tirou a carta, o pai deu-lhe o seu antigo carro que ele tinha “roubado” quando era criança. Mas vê-se que a obsessão em conduzir foi o que o levou afastar das pessoas que ele conhecia. E a ironia é que acabou como começou, um passageiro, além de ter reencontrado a filha, anos mais tarde.